Um jovem que decidiu encarar o mundo
Diante
de tantas transformações, aprender a ficar só é um desafio, ficar sozinho
diante das expressões e dos apelos que são feitos em busca da união fraterna de
todas as pessoas, gêneros e principalmente a juventude. Vivemos em
concomitância com o erro e o acerto, com a falta de vida e a presença exagerada
de pessoas, através de sites e comunidades virtuais. Somos adultos frustrados e
jovens desiludidos?
É o que Jerry acha da vida. Ao acordar-se, pela
manhã, observou que tudo em sua volta era diferente daquilo que seus pais
haviam lhe dito; a escola havia lhe ensinado; os programas de TV e
principalmente os canais de desenho. As coisas, as quais esperava ver e sentir,
a fim de se situar no mundo, eram diferentes e para Jerry as instruções e
ensinamentos haviam-lhe infantilizado, para realidades que não esperava
enfrentar. Conclusão: trancou-se em seu quarto e pretendia criar um universo
apenas seu tal qual não admitia preconceitos, falsos moralismos ou ditados
populares, que mais o amedrontava do que lhe ajudava a crescer.
Para o jovem, Jerry, a realidade mudou em um
piscar de olhos e diante dele uma nação inteira de adolescentes também sofrem
com estas realidades, que os oprimem e por muitas vezes delineiam a vida dos
garotos e garotas que passam pela transição: infância-adolescência-juventude. O
mundo se aproxima deles, com tamanha força e energia que infelizmente não estão
preparados a suportar. Em matéria de conteúdo eles (as) passam por diversas
ideias e oportunidades se multiplicam. As ocasiões e momentos de distração, já
não fazem parte da agenda de seus pais, mas neste momento são as agendas deles
ficam preenchidas de compromissos. Entretanto essa realidade faz parte daqueles
que saíram de seus mundos fechados e resolveram se lançar, em busca de um mundo
novo e melhor, mundo que não lhe impõe um roteiro estagnado, todavia a
diversidade. Mas, que não foi o caso de Jerry.
A criança, quando sai do arco de flores e sonhos
que a cerca, depara-se com a diferença e se vê diferente de todos os demais causando
um complexo interno. Os adultos não entendem o que eles passam, mas para eles também
não é simples, porque primeiro o adolescente precisa enfrentar sua própria
natureza e principalmente sua condição humana. Na atualidade há abertura e
compreensão desses sentimentos, visto que é fácil observar as mudanças, pois entender
é o mais abstruso. O adolescente, quando se isola do mundo, percebe que algo
está mudando e que não poderá permanecer na mesma “estrutura”. O ato de
fechar-se em meios às realidades é uma forma de enxergar o mundo com outra
perspectiva e vê-lo com olhar singelo, mas, sobretudo, o indivíduo olha em sua
volta para enxergar-se em alguma estrutura física, cuja irá aceitá-lo, como ele
é sem máscaras ou preconceitos. Geralmente, a primeira estrutura que o acolhe é:
o grupo de amigos comumente na escola. E essa decisão acarretará para ele um
passo firme para encarar mais adiante a juventude e depois a idade adulta.
Especulação é matéria de jornais e nesta fase o
que mais se inventa é isso, fruto de imaginação e carência dos pais, mães,
professores, mídia etc. Desafiam e por vezes oprimem a realidade dos jovens,
que se encontram em situações de desconforto pela própria idade; por que não
aceitá-los? Por que não deixá-los em paz? Talvez estas perguntas, as futuras
gerações irão fazer sem cisma ou dúvida. Afinal a onda de estudos sobre a idade
dos conflitos cada dia cresce mais. O que antes, por exemplo, era tido como:
brincadeiras e briguinhas hoje são vistos como Bulliyng; como falta de serviço
ou malandrem, hoje como conflito existencial.
Mundo confuso para tantas explicações ou isso se resume em falta de
diálogo?
Frases a jargões são lançados ao vento todas as
vezes que a realidade se depara com atrocidades como as mortes no Rio de
Janeiro, no bairro Realengo, por exemplo, “a juventude é berço do amanhã”,
podemos aceitar a frase, contudo a pergunta é certeira... Como tratamos a
juventude? Certamente o rapaz que matou as crianças e depois se matou carregava
traumas não solucionados ou talvez, o seu ato foi por livre espontânea vontade.
Fato último não muito aceito pelas autoridades e estudiosos. Em sua carta, usou
de termos desumanos, e o orgulho era nítido, mas por entre linhas sua dor e
pequenez foram evidentes, e por fim circundavam aspirações religiosas provocando
mistério.
Encarar o mundo com os olhos voltados para o
próprio umbigo conforta e dá alegria para quem não se preocupa com tantas
meninas e meninos, os quais estão sem referenciais, que buscam saídas e não as encontram.
Entretanto, em contra partida, as convivências melhoraram, não quero explanar questões
de comunicabilidade, pois comunicar é mais complicado de se explanar. Não
entremos neste tema. O fato é que tanto a sociedade adulta e todos os
indivíduos em transição etária, podem desfrutar da beleza que é a vivência
verdadeira das etapas da vida. O mais importe é saber que sobre a juventude
existe uma consciência forte sobre união e fraternidade, enquanto os adultos, em
consequência de suas escolhas, são obrigados a se suportarem enquanto os jovens
estabelecem de fato a cumplicidade, visto que, o que um faz o outro também fará.
Jerry resolveu abrir-se do seu muro, seu casulo,
sua redoma de vidro, com bolinhas de sabão flutuantes, percebeu quem nem tudo
era desgraça e desavença. Resolveu aceitar o seu jeito e sua forma de olhar o
mundo; encontrou um grupo que o aceitasse e entendeu que daquele dia em diante
o seu mundo ilusório e patético se transformaria num mundo mais concreto e
feito a partir de suas escolhas.
Tratar a juventude com descaso e falta de amor é
o mesmo que reproduzir leis e fatos, de um sistema, que não aceita a diferença
e busca a unificação subjetiva. Os jovens estão aí e marcam presença, mesmo
estando em seus casulos, pois são eles a verdadeira realização dos sonhos de um
amanhã que renasce a cada dia.
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