Instintiva apelação
Quem é o outro que em mim vem toda vez que não quero
me causa transtornos, atormentando meu sono e deixando-me em sobressaltos?
Quem é o outro que não tem nome,
mas sacia a fome insana, profana, voraz, de um corpo em constante mutação?
O que me causa espanto é seu poder de contrapor aos valores preestabelecidos que deveriam prevalecer.
Quem é o outro que por não ter nome, mas ser presença, não pensa executa?
E eu sem entender nem conhecer cumpro o ofício de obedecer?
Ser o outro também nem sempre é fácil,
quando se é cobrado todos os dias a exercitar um papel nunca antes intrepretado,
mas que exige muito que seja cumprido.
Dançar conforme a música e ir se recompondo após a bonança
para que dias melhores venham em decorrência do ontem que não se viveu.
Da vida que exige resposta a todo instante e face ao preconceito
que pouco oferece como alternativa um paliativo ao inevitável
surge afinal um pedido de trégua nesta batalha, de se lutar contra os instintos para que não se faça mais um ato de injusta apelação.
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