Nas águas do Orlando.

O momento foi longo e as horas preguiçosas, não moveram os ponteiros do relógio, a vida quis eternizar-se naquele contato com a liberdade traduzida no encontro com as águas límpidas do lago no lugarejo conhecido como Orlando.
A decisão entre os três foi amadurecida muito antes, talvez inconscientemente. 
Sem aviso prévio dos que ficaram para trás ignorantes da direção tomada pelos três e das coisas que aconteceram partiram do bar onde estavam descendo a longa avenida margeando o córrego até se embrenharem por um descampado no qual só o cintilar das estrelas apontavam a direção. 
A lua apareceu robusta e foi modificando sua cor de um vermelho escarlate inicial passando por um amarelo intenso ate chegar à alva brancura da neve que refletia seu intenso brilho no espelho das águas do lago. 
Era um grande farol na imensidão do extenso tapete negro sob as três cabeças que admiravam tudo extasiadas, pela magia daquele instante único e irrepreensível. 
Não fazia frio naquela noite talvez pela estação ou pela manifestação do calor dos desejos aflorados e dos corpos que elegeram a água como espaço privilegiado para se mergulhar e se lavar por inteiro tanto corpo quanto consciência até mesmo das culpas ou pecados inexistentes ali não havia espaço para a condenação, mas abertura, leveza e liberdade.


Afonso Claúdio

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